Novo prazo estendido: 31 de janeiro de 2023 (terça-feira).
Link da chamada: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/announcement/view/81
Submissões: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions
O objetivo da presente chamada é promover e divulgar análises fundamentadas em base econômica e macrogerencial, estabelecendo parâmetros reflexivo-críticos acerca das organizações e teorias mais visitadas no campo, a partir de estudos econômicos das organizações.
Por isso, a presente chamada tem por linhas temáticas as abordagens teórico-empíricas e seus debates:
– Economia política das organizações
– Economia institucional
– Sociologia econômica
– Avaliação crítica das teorias hegemônicas de ascensão neoclássica
Cada uma dessas linhas pode ser desdobrada em diferentes temáticas específicas.
Descrição da Chamada
O amplo campo dos estudos organizacionais congrega diferentes tipos de análise organizacional. Um desses tipos, ancorado nos desenvolvimentos da economia das organizações, desfruta de audiência nacional e internacional por sua ênfase na estruturação e funcionamento das organizações, sobretudo implicadas em relações competitivas. Seria mesmo possível dizer que essa análise ocupa a posição central como mainstream nos estudos econômicos das organizações. Entretanto, a relação entre “economia” e “organizações” é bem mais ampla do que comportam as teorias mais frequentadas e suas questões orientadoras, a exemplo, seguindo Barney & Hesterly (1996), da teoria dos custos de transação (por que existem organizações?), da teoria da agência (como as organizações devem ser administradas?), da teoria da gestão estratégica (por que algumas organizações superam outras?) e da teoria da cooperação organizacional (como as organizações podem cooperar?). Ao fundo, encontra-se com frequência uma espécie de admissão (ontológica) da natureza jurídica das organizações (cf. Lawson, 2019, p. 85-124) e a operacionalização performática como critério científico, como aludem as questões orientadoras acima.
Direta ou indiretamente, tais teorias possuem ascendências à chamada escola neoclássica a qual recebeu historicamente considerável escrutínio a respeito de suas limitações fundamentais, para citar algumas, em termos de irrealismo de seus modelos principais, de ausência do reconhecimento das contradições sociais, de tributos pagos por sua aderência ao positivismo/neopositivismo e de capitulação diante dos interesses econômicos. Esse escrutínio adveio de fontes diferentes ao longo dos últimos cem anos, pelo menos, e podemos indicar sumariamente algumas delas.
A crítica da economia política (na figura geral de uma assim chamada “economia marxista”) nunca deixou de insistir nas contraditoriedades e relações classistas do processo de acumulação do capital como eixo básico da análise das empresas e do Estado. A partir disso, podemos delimitar uma economia política das organizações interessada nesse tipo de análise e em seus desdobramentos (Clegg & Dunkerley, 1980, Türk, 1999, Marens, 2009, Vidal, Adler & Delbridge, 2015, Guedes & Paço Cunha, 2021), incluindo a análise organizacional a partir da observação dos vínculos estruturais entre organizações, economia e política nas figuras da administração política (Cristaldo, 2021) e da economia política do poder (Faria, 2017).
A economia institucional, pelos menos desde Veblen e Commons, teve parte de seu arranque histórico na crítica ao irrealismo da escola neoclássica, cujos modelos estáticos não eram capazes de refletir a dinâmica econômica ou o papel regulador das instituições. Isso abriu um veio de desenvolvimento ao institucionalismo em diferentes ramificações e com amplas repercussões nos estudos organizacionais (Tolbert & Zucker, 1996, Machado-da-Silva & Gonçalves, 1999, Scott, 2014, Rossoni, 2016).
A sociologia econômica, não sem conexões com as tendências anteriores, promoveu certo alargamento da economia considerada mainstream a partir da “aplicação de esquemas de referência, variáveis e modelos explanatórios da sociologia ao complexo de atividades as quais estão implicadas com a produção, distribuição, trocas e consumo de produtos e serviços escassos” (Smelser & Swedberg, 2005, p. 3). As limitações reconhecidas do agente maximizador de resultados que permeia a escola neoclássica encontraram na sociologia econômica a atenção sobre outros modos de racionalidade que matrizam a vida social e permeiam, portanto, a dinâmica das organizações. Essa sociologia econômica obteve igualmente considerável profusão no país (Moreira & Goia, 2017, Santos, Serafim & Pinheiro, 2020).
Essas indicações são apenas sumárias e não esgotam outras fontes de criticismo nem discorrem abrangentemente sobre os seus desdobramentos subsequentes. Mas todas elas apontam para pelo menos duas questões fundamentais. A primeira, já aludida, é que a escola neoclássica é consideravelmente estreita para as ambições científicas que se encontram na relação entre “economia” e “organizações”. Assim também são aquelas teorias no campo da economia das organizações, cuja ascendência remonta à escola neoclássica. A segunda questão fundamental está no reconhecimento do fator econômico como uma espécie de base racional explicativa para o fenômeno organizacional. Não é um privilégio da economia marxista esse reconhecimento, permeando, de uma forma ou de outra, as demais tendências aludidas. E isso se agrava em razão das condições hodiernas sob edição das recorrentes crises econômicas que estão no cerne das inflexões societais correntes que fomentam desigualdades sociais e simultaneamente ideologias reacionárias, além das ameaças climáticas decorrentes do atual padrão produtivo global, genericamente denominado capitalismo, sem adversário à altura até o momento.
O objetivo da presente chamada especial é precisamente o de promover outros tipos de análise organizacional que, igualmente fundamentados em base econômica e macrogerencial, estabelecem parâmetros reflexivo-críticos das organizações e das teorias mais visitadas no campo, fomentando diferentes estudos econômicos das organizações. Por isso, a presente chamada tem por linhas temáticas as abordagens teórico-empíricas e seus debates:
– Economia política das organizações
– Economia institucional
– Sociologia econômica
– Debates internos e entre tais abordagens teórico-empíricas
– Avaliação crítica das teorias hegemônicas de ascensão neoclássica
Cada uma dessas linhas pode ser desdobrada em diferentes temáticas específicas. São bem-vindos preferencialmente trabalhos teóricos de aprofundamento das abordagens, de seus problemas e de debates críticos entre tais abordagens. Trabalhos empíricos também são recomendados desde que sirvam à problematização de tais abordagens e não apenas para operacionalização conceitual delas.
Modalidades de contribuição
Farol – Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade aceita contribuições na forma de Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas (de livros, filmes, exposições, performances artísticas), Registros fotográficos e Vídeos.
Os idiomas aceitos nas contribuições são português, inglês e espanhol, desde que estejam de acordo com a política editorial e as diretrizes para os autores. Para ter acesso às orientações gerais, acesse: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/farol/about/submissions.
Submissão
Qualquer que seja a modalidade de contribuição (Capas, Artigos, Ensaios, Debates, Provocações, Entrevistas, Depoimentos, Resenhas, Registros fotográficos ou Vídeos), os autores devem informar o editor, no item “Comentários para o editor”, que estão submetendo especificamente para o dossiê temático “Estudos Econômicos das Organizações”.
Prazo
As contribuições para o dossiê temático “Estudos Econômicos das Organizações” se encerram impreterivelmente no dia 31 de dezembro de 2022 (terça-feira).
Informações adicionais
No caso de quaisquer dúvidas sobre este número especial, os editores especiais devem ser contactados:
Rômulo Carvalho Cristaldo – romulocristaldo@gmail.com
Elcemir Paço Cunha – paco.cunha@facc.ufjf.br
No caso de dúvidas sobre o periódico em si, o contato deve ser feito com a secretaria editorial – farol@face.ufmg.br
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