Nos círculos da esquerda, desde o alto até as bases, dos gabinetes do parlamento até as salas de aula, viceja um misto de incredulidade e pessimismo nos últimos anos. Os acontecimentos recentes seriam uma evidência de que a esquerda não está apta a proporcionar bons governos. No entanto, não concordo com a tese da "oportunidade perdida". Muito foi realizado. Muito mais pode ser alcançado.
O que é riqueza?
A riqueza é resultado da apropriação da vida alheia, não apenas no aspecto econômico, mas de horas de vida, da forma de pensar, de oportunidade de viver por si só, da autonomia, da opinião...
Não existe nada mais pernicioso para a sociedade que políticos ávidos por poder, economistas sôfregos em alcançar reconhecimento e capitalistas vorazes pelos lucros. Nossa tragédia está em termos sempre sido governados por pessoas assim.
E assim…
Nos encontramos num momento, numa encruzilhada histórica (cômica?) quando o mais indicado é fingir ser mesmo o que se é de fato, se não em ato, ao menos em estardalhaço, como que parodiando toscamente o poeta descrito e vivido (?) por Pessoa.
O coringa
Essa plot me chamou a atenção por dois motivos. O descenso da personagem rumo a dissociação completa expõe, de certa forma, o risco generalizado em se enfrentar uma situação social de crescente desmantelamento de estruturas de sociabilidade, como o emprego, a educação, a saúde pública, a confiança na classe dirigente, a emersão do fascismo. Um enfrentamento que o povo trava desaparelhado e desassistido, de frustração em frustração, o que pode levar à uma situação de rompimento com o compromisso de integração coletivo.
MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. Tradução Rubens Enderle, Leonardo de Deus. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 151.
Universidade, internet e além…
Assim, se a estrutura social centralizada pouco se altera com a emersão da informática e da internet, as mudanças no campo educação tampouco são estruturais, até então se mostrando igualmente circunscritas ao nível das aparências e das técnicas. Dizer diretamente o que deve permanecer e o que deve sumir, em termos de prática educacional, é fútil. O desafio que permanecerá, na minha opinião, é o mesmo: como fazer com que as pessoas assumam ativamente o protagonismo em seus processos de aprendizagem?
A Reforma Administrativa
Ao obrigar o Governo a economizar com servidores e com programas sociais, não se pretende um Estado mínimo. Procura-se, na verdade, reservar todo esse volume de recursos para o usufruto privado dos interesses empresariais e dos especuladores financeiros. O Estado continuará grande, mas em favor de poucos. A discussão da reforma administrativa esconde a disputa pelo fundo público de recursos entre as diversas parcelas da sociedade brasileira, na qual os trabalhadores, os principais afetados negativamente, se encontram alijados.
Sobre a ideologia do tributo como mal econômico*
Malditos e difamados, os impostos constantemente são alvo da ojeriza de muitos, desde opinadores profissionais a veículos de comunicação de massa. Os males das economias do mundo, notadamente os da brasileira, são constante e levianamente atribuídos a cargas tributárias praticadas pelo Estado. Contudo, as afirmações quanto à maledicência dos impostos, repetidas com fervor, têm uma origem menos científica do que aparenta. Ainda que impostos pesados apresentem uma face negativa, existem pontos a serem considerados que, no mínimo, levam a questionar a validade da cruzada contra o tributo.
A Liderança na Empresa
Subsunção, controle e dissuasão são o cerne da liderança. Toda maquiagem ao redor, as palavras da moda, o discurso vazio do diálogo que sai das falas equilibradas e ponderadas de quem se propõe líder na empresa capitalista, servem apenas para escamotear a verdadeira função da liderança. E qual seria? Em uma sentença simples, aprisionar a razão, o agir e a opinião do trabalhador, para que este se reduza a uma coisa, um objeto cuja única função é produzir mais-valor.