Likes

Reforços positivos nas redes sociais não são, necessariamente, indicadores de uma vida relevante ou sequer de uma atitude exemplar.

O que tem substância, peso, não é adorável, mas indigesto. O que é de fato importante informa, faz refletir, auxilia na mudança, expande o campo perceptual, põe em crise, constrange, enoja.

Um adorável bebê, um cachorro, comida, um corpo bem esculpido na academia, uma festa de casamento, fotos das férias, essas coisas ganham extrema atenção simplesmente por que não têm nenhum valor objetivo para outras pessoas. Não causam nenhuma transformação na vida coletiva. A informação não serve para nada e o evento só importa para quem o vivencia objetivamente. Só interessam aos indivíduos, a ninguém mais.

Porém, notem, são exatamente essas idiossincrasias que atraem mais atenção nas redes.

As pessoas, em sua preguiça de pensar e em sua estática sócio-político-intelectual, reforçam aquilo que é inócuo, o que não as obriga a refletir, se posicionar ou a mudar.

Por outro lado, o produtor de conteúdo, transformado em profissão e alçado a categoria de celebridade, vive a reboque da opinião alheia. Se diz “influencer”, mas é incapaz de ir contra a manada. Só tem destaque por conta de quão inócua é sua existência. A necessidade de atenção pelo trivial revela apenas insegurança, megalomania e incapacidade efetiva de aproveitar os momentos e experiências vividas.

“Likes”, “curtidas”, “seguidores”, são todas medidas de mediocridade, não de que se realiza algo importante. Quanto mais se recebe, menos relevante é a informação. Quanto mais se vive em função de, menos a vida em si tem importância, ou sequer é presenciada apropriadamente.

Por tudo isso, as “curtidas” não parecem ser provas de sucesso e sim evidências de vazio.


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