A crítica é a ação de por em crise, de abalar os fundamentos de algo com intuito de derrubar o antigo para construir o novo em seu lugar. A administração tem servido a interesses particulares e egoístas, à empresa, ao consumismo e ao desperdício. É tempo de escapar desses problemas, dos lugares-comuns da gestão instrumental, para que se possam formar administradores não apenas capazes, mas ávidos por mudança social e, em favor do que está por vir, abalar as meias-verdades estabelecidas pelo mundo do capital.
A Administração precisa assumir o seu papel como instrumento e padrão de mudança ética, comportamental e institucional. Não como espelho da gestão empresarial, cujo objetivo é uma sociedade em concorrência torturante, voltada apenas para a eficiência do lucro e a riqueza de poucos. Os aparatos de controle criados para garantir a exploração do trabalho não são a única gestão possível, nem tampouco a mais eficiente, talvez sequer a mais eficaz.
A ciência da Administração está sob o imperativo de abraçar a crítica, para que possa deixar de ser um mero aparato técnico. A partir de seus saberes, pode-se assumir a responsabilidade de construir de uma sociedade diferente. Uma sociedade de oportunidades mais equilibradas, de acesso socializado aos benefícios da modernidade. Uma sociedade sustentável ecologicamente, pautada na cooperação, no respeito e na solidariedade.
Xs administradorxs são profissionais privilegiadxs, se encontram no ponto limítrofe que reúne a coletividade e a materialidade. Respondem pelas demandas sociais, aspirações políticas e interesses coletivos. Portanto, são capazes de analisar a complexidade, de compreender o aspecto totalizante da realidade social, para agir criticamente transformando-a.
Graças ao fato de que seu primeiro papel é prático, uma atividade que visa a aplicação do conhecimento — o que significa que todo seu pensar é um “pensar-ação” em direção ao mundo concreto — axs administradorxs está dada a oportunidade de exercer um papel emancipador. De um lado, o campo de saber da administração pode ser a base para uma ciência verdadeiramente pós-disciplinar. De outro, a prática da gestão tem o potencial de contribuir para a emancipação material da humanidade, desde os excluídos até aqueles que não se percebem como oprimidos.
“Administração” por seu papel social incomparável. “Crítica” por, a partir deste papel, ser possível contribuir para uma realidade qualitativa e substantivamente diferente, melhor.
Descubra mais sobre Administração Crítica
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.