“Não olhe para cima”, um louvor

O que parece uma comédia de erros é, na verdade, um drama de realismo cru e verossimilhança chocante. Não apenas decorrente do brilhantismo dos cineastas, mas sobretudo por causa do fato de que vivemos em uma era de declínio cognitivo coletivo, numa sociedade dominada pelo efêmero e pelo inútil. O cômico e o ridículo da plot doém como um golpe bem dado, porque também são a imagem real de nosso tempo.

Desenvolvimento como Opressão

Se o desenvolvimento é a forma aparente da dinâmica capitalista; e se o capitalismo é a estratégia de dominação do homem branco ocidental sobre as demais culturas, negras, nativo americanas e asiáticas; o desenvolvimento econômico e social não é nada além de mais uma forma de opressão, a face aparente de um esquema de jugo, dominação e exploração.

Não é certo que a verdade sempre prevaleça. Tampouco que a mentira se revele em todas as ocasiões. Nem mesmo se pode dizer que há um castigo divino, cruel, sagaz ou irônico para os mentirosos. Não. Nada disso é certo. A única pena que certamente afligirá todos os que mentem é ter que conviver o tempo inteiro consigo mesmos.

E assim…

Nos encontramos num momento, numa encruzilhada histórica (cômica?) quando o mais indicado é fingir ser mesmo o que se é de fato, se não em ato, ao menos em estardalhaço, como que parodiando toscamente o poeta descrito e vivido (?) por Pessoa.

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Tradução Manuela P. dos Santos, Alexandre F. Morujão. 5.ed. Lisboa: Foundaçao Calouste Gulbenkian, 2001. p. 115.

O coringa

Essa plot me chamou a atenção por dois motivos. O descenso da personagem rumo a dissociação completa expõe, de certa forma, o risco generalizado em se enfrentar uma situação social de crescente desmantelamento de estruturas de sociabilidade, como o emprego, a educação, a saúde pública, a confiança na classe dirigente, a emersão do fascismo. Um enfrentamento que o povo trava desaparelhado e desassistido, de frustração em frustração, o que pode levar à uma situação de rompimento com o compromisso de integração coletivo.

MARX, Karl. Crítica da filosofia do direito de Hegel. Tradução Rubens Enderle, Leonardo de Deus. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 151.

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