Nesse breve ensaio, o objetivo é o de refletir acerca da concepção marxiana de Estado. Partimos da crítica comumente realizada de que em Marx a instância política seria determinada pela estrutura econômica e, portanto, ensejaria uma noção simplista e superficial de Estado. Na minha opinião, a premissa de que o processo político numa sociedade capitalista seria reflexo das contradições no âmbito das relações sociais de produção não significa, por si só, uma concepção simplista do sistema político.
Teorias Contemporâneas do Estado[1]
A pretensão desse escrito é tratar das teorias contemporâneas do Estado que, de alguma forma, transitam no meio político brasileiro. O intuito aqui é oferecer uma contextualização funcional dessa instituição tão formidável, que possa subsidiar reflexão e debate sobre o tema. Optou-se por abordar teorias contemporâneas para que se pudessem ser enfatizadas as características do Estado hoje, em sua expressão historicamente mais próxima do tempo presente. Claro, não se pretende uma lista fechada, muito menos exaustiva, e sim um ensaio de possibilidades como espelho de uma nação enorme, complexa e contraditória.
Estado, Governança e Administração Pública[1]
Quando somos questionados sobre o conceito de Estado, é comum termos dificuldade em formular precisamente. O Estado é uma instituição (?) enorme, praticamente onipresente, que evoca emoções as mais contraditórias, até mesmo algumas ideias radicais. Se o assunto é como o Estado funciona, as dúvidas persistem, multiplicam-se quiçá. Afinal, que função(ões) tem o Estado? Persegue (ou faz sentido perseguir) uma estratégia? O que é Governo? Onde a governança entre nessa discussão? Do que se trata a administração pública? E, talvez mais importante, como os processos sociais que esses conceitos representam se relacionam entre si?
A Era da Pós-Verdade
Chegamos na era da pós-verdade. E agora, o que fazer com uma internet que mais parece um catálogo de anúncios numa lista telefônica, toneladas de informação falsa e a quase completa incapacidade de separar o joio do trigo? Existirá uma sociedade possível sob a sombra da máquina-mercadoria-publicidade? Onde foi parar a informação? Resta ainda alguma credibilidade?
Crítica da Ideia de Meritocracia
Meritocracia é uma palavra da moda. Seja no Governo, ou no mundo corporativo, diz-se em alto e bom tom que a gestão meritocrática é uma das principais metas a serem perseguidas. Considerada característica fundamental de uma administração moderna, racional, a meritocracia é posta quase como uma divindade, intocável e perfeita em sua benevolência e temperança. Sem dúvida, essa é uma construção falaciosa. O construto ideal em torno da gestão meritocrática tem funções muito mais mundanas, de ordem ideológica, política e material.
Cultura digital ou cibercultura?
Em minha opinião, a terminologia "cibercultura" proposta pelo filósofo francês Pierre Lèvy tem uma grande vantagem em relação à ideia de uma "cultura digital", esta última tão disseminada hoje em dia. Para muito além de mera semântica. O que parece uma novidade, o "digital", na perspectiva ventilada por Lèvy toma a forma de estágio, uma modalidade particular de manifestação de um processo social mais amplo e antigo, o campo simbolico de interação comunicacional e da informação. Falar de uma "cultura digital" é, ao mesmo tempo, limitado e potencialmente datado, haja vista o fato de que o "digital" caminha para ser superado.
Poder, Lei e Gestão[1]
Neste escrito pretende-se debater as sobreposições, limites e especificidades dos campos do direito administrativo, ciência política e administração pública, para destacar o rol de atribuições particulares à parte da administração dedicada ao assim chamado "campo de públicas".
Concertação Social e Welfare[1]
O que caracteriza de fato o Estado de Bem-Estar não é o bem-estar em si, mas a existência de aparatos de concertação social para diálogo e tomada de decisão coletiva visando o alcance de objetivos e interesses, por assim dizer, nacionais. Isso não significa que todos os interesses estão representados ali de forma equilibrada e equânime, mas que, ao menos, os diferentes atores são colocados num espaço de conversação para tentar negociar suas discordâncias.
O Estado de Bem-Estar e a URSS[1]
Pode-se afirmar que a URSS cumpriu um papel motivador muito importante para o surgimento do Estado de bem-estar social. Haja vista o sucesso e a estabilidade econômica da URSS, era preciso provar, inclusive para a população, que o capitalismo poderia, de fato, entregar sua utopia de uma sociedade mais livre e próspera. Mesmo que, para tanto, fosse necessário negar alguns dos pilares que sustentam o próprio capitalismo, quais sejam, a liberdade de empresa e a regulação via mercado.
1º de maio: sobre o administrador e o trabalho*
Hoje é dia do trabalhador, e nós administradores profissionais não podemos comemorar, pois este dia lembra datas nas quais as massas sociais quiseram contestar o modo de vida que celebramos. Somos uma verdadeira “classe média”, nem quente nem fria, pronta para ser vomitada.